PONTE DE SOR FAZ CULTURA EM MOSCOVO
Como noticiado após a deslocação cultural,
que o Coral Polifónico de Ponte de Sor efectuou, a Praga, na República Checa,
entre 3 e 9 de Dezembro, último passado, integrado no Festival denominado “Prague
Advent Choral Meeting” no qual participaram vários Grupos Corais da Comunidade
Europeia e inclusive um outro de Portugal, foi a nossa associação Cultural,
desde logo convidada, pela Srª. Dª. Olga, maestrina do Coral russo participante
neste Festival, a efectuar deslocação cultural a Moscovo, capital da Federação
da Rússia, com 14.000.000 de habitantes, para integrarmos o Festival
Internacional “Crystal Chapel”.
Orgulhosos mas também responsáveis
pelo convite, desde logo iniciamos contactos oficiais com a nossa Câmara Municipal,
na pessoa do seu presidente, Dr. Taveira Pinto, porquanto sem o apoio
incondicional da nossa autarquia, temos plena consciência, esta deslocação
cultural não nos seria possível. Desde esse primeiro contacto, sabedores também
de quanto o nosso Presidente da Câmara, preserva e incentiva as várias formas
de cultura existentes no nosso concelho, fomos informados para obtermos toda a informação
possível relacionada com a deslocação, com a certeza que após obtida, seria a
mesma presente a reunião de Câmara, para decisão, que efectuada, nos veio a
confirmar a realidade de podermos mais uma vez, internacionalmente,
representarmos Ponte de Sor, o nosso concelho e porque não afirmá-lo, o nome de
Portugal.
Entendeu igualmente esta Associação,
que esta nossa quinta internacionalização, seria para nós de extremo
significado, se podesse contar com a presença dos mais altos responsáveis da
nossa Autarquia, o que felizmente se veio a concretizar, porquanto tivemos a
felicidade, de entre 13 e 17 do corrente mês de Maio, ser possível, não só a
companhia do nosso Presidente, bem como do nosso vice-presidente, facto que nos
veio conceder, o reconhecimento pelo empenho e responsabilidade, nas nossas
atuações ao longo dos catorze anos de vida do nosso Coral e ao mesmo tempo, o
“in loco” das suas presenças, lhes permitia verificar a “performance” das
nossas atuações, perante públicos não entendedores da nossa língua e bem assim
que a nossa terra, a nossa cultura, é muito bem aceite também no estrangeiro.
Resumidamente, pois que relatar esta
deslocação se prolongaria por páginas e páginas de escrita, vamos tentar
informar sobre a nossa presença em Moscovo.
Conforme previsto, chegamos a
Moscovo pelas 4 horas do início do dia 13, após o tempo de saída do aeroporto e
viagem até ao local de permanência, já em dia claro e de sol radioso, pelas 9
horas, iniciámos uma visita guiada pela cidade, com guia a falar português, a
menina “Sasha”, estudante russa de filologia e língua portuguesa, que nos
impressionou pela forma fácil como interpretava a língua de Camões e bem assim,
a explicação de fácil interpretação por todos nós, dos vários ícones da
história de monumentos e muitos lugares significativos de Moscovo, que deixou a
todos muito mais ricos de conhecimento da história social, religiosa e cultural
que a cidade contem, não podendo deixar de realçar que em todos os momentos
fomos sempre igualmente acompanhados pela Dª. Helen, pertencente à organização
do evento, que em Inglês, por vezes nos elucidava sobre qualquer aspeto que considerava
importante. Foi inclusivé, no decurso desta visita guiada, que nos apercebemos
do momento histórico e cultural que a cidade de Moscovo atravessava e
festejava, no decurso do corrente mês de Maio, onde o nosso Coral Polifónico se
encontrava integrado.
Maio de 2010 é Moscovo em festa.
Celebram-se os 65 anos da derrota alemã na II Guerra Mundial, os mesmos anos de
reconhecimento pelo “soldado desconhecido”, os 75 anos da inauguração do
Metropolitano de Moscovo e bem assim a inauguração do “Crystal Chapel”, um
pequeno monumento religioso cultural, que todo construído em ferro, foi no
decurso da II Guerra Mundial destruído, tendo sido totalmente reconstruído, com
a arquitectura original, com a diferença de ser totalmente constituído por aço
e cristal.
Percorridas muitas das artérias e
monumentos históricos, na zona mais antiga da cidade, regressamos pelas 15
horas ao hotel, para efetuarmos o necessário descanso a uma noite anterior, sem
dormir, e parte de um dia muito preenchido e desgastante.
Sexta-feira, 14 de Maio, realizámos
passeio pelas lindas e extravagantes estações de metro, algumas delas
emblemáticas pela riqueza que contêm, visitando igualmente a Praça Vermelha e o
Kremlin, este a troco do pagamento de 21,00 euros por pessoa, espaço de trinta
hectares, também ele emblemático pela luxuria dos seus templos, estátuas,
jardins e cúpulas de monumentos, todos eles folheados em ouro, terminando a
visita ao túmulo de Lenine, onde se encontra embalsamado.
Ao fim da tarde, regressamos de novo
por metro para o hotel, tendo os elementos do Coral, reunido junto da estação
do metro que lhe dava acesso, para ali interpretarmos uma canção, a qual
originou que muitos transeuntes parassem e nos fizessem interpretar uma outra,
que verificamos serem do agrado de quem assistia, tendo o Coral desde logo sido
fotografado por muitos dos presentes.
Sábado, 15 de Maio, dia da nossa
primeira atuação pública, no Festival “Crystal Chapel”, a ocorrer no edifício
“Art Gallery”, todo ele contendo cultura e arte quer em quadros de várias
naturezas e formas, quer em representações de factos e individualidades em
estatuetas e estátuas, possuindo a enorme sala onde se efetuaram as várias
actuações, uma enorme construção da maçã-de-adão e Eva, que inclusivé faz parte
de alguns dos livros de arte contemporânea, utilizados nas nossas escolas.
Iniciado que foi o Festival, pelas
18 horas, veio o nosso Coral Polifónico a efetuar um pequeno ensaio no local e
conforme previsto por volta das 19,30 horas, iniciamos a nossa actuação, a qual
foi precedida por uma pequena intervenção do nosso Presidente da Câmara, que na
presença das individualidades presentes e bem assim do muito público, enalteceu
a presença do nosso Coral Polifónico, em representação da nossa cidade e País,
ao mesmo tempo que frisou a sua preocupação com os grupos que fazem cultura nas
várias vertentes existentes no nosso concelho, realçando que a mesma tem de
possuir um espaço privilegiado nas instituições portuguesas, tal como se
encontra implementada na Câmara Municipal de Ponte de Sor.
Neste espaço e nesta atuação
apresentamos música portuguesa de várias raízes zonais e uma de raiz
castelhana, que pela forma como foram aplaudidas, nos deixaram a todos bastante
satisfeitos, tendo no final sido presenteados com um livro, todo ele dedicado
ao espaço da “Art Gallery”, um quadro contendo um diploma assinado pelo Sr.
Ministro da Cultura da Rússia e bem assim, muita outra informação ligada às
artes e cultura e também para nosso privilégio, nos foi concedido um autógrafo,
no livro de apresentação do programa, sob a nossa fotografia, efectuado pelo
Director e autor de todos os quadros e esculturas do espaço “Art Gallery”, Sr.
Zurab Tsereteli, hoje reconhecido como o melhor pintor e escultor da atualidade
na Rússia.
Domingo, 16 de Maio, nova atuação
integrada no referido festival, desta vez pelas 15 horas, no lindo e radioso
espaço “Crystal Chapel”, onde conforme programado, efetuamos a interpretação de
três canções de música russa, que foram do agrado dos presentes. Após a nossa
atuação, até aqui, todos os dias nos haviam presenteado com tempo de sol e
temperaturas primaveris radiosas, fomos surpreendidos com uma enorme trovoada,
quando assistíamos à atuação de um grupo coral feminino, que estoicamente
efectuou toda a sua atuação sob uma enorme chuvada.
No término do festival, fomos
informados pela sua Directora, que paralelamente ao nosso festival, ocorria um
outro festival cultural, integrado nas festividades, este de cariz concursal,
integrando música russa de folclore, de cordas e coral, em coros mistos, só
masculinos e só femininos, adultos e crianças, ocorrendo o seu término nesse
mesmo dia à noite, com a distribuição de prémios, no salão nobre da Casa de
Cultura da Ucrânia, pelo que a organização tinha muita honra, em que
aceitássemos o convite para estar presentes nessa gala de encerramento,
pedindo-nos, para ao aceitarmos tal convite, interpretássemos duas canções ao
livre arbítrio do nosso maestro.
Aceite que foi o convite, já no
decurso da gala e antes de procedermos à nossa pequena atuação, foi solicitado
ao nosso maestro, que uma das canções a interpretar, para presentear a
assistência repleta da sala, fosse em música russa e se possível a canção “TE
BIE POEME”, o que foi por ele aceite, interpretando também a canção portuguesa
“CARVALHEIRAS”.
Ambas mereceram por parte do muito
público, no qual se encontravam, o nosso Presidente da Câmara e Vice-presidente,
que tal como os nossos acompanhantes, foram testemunho da nossa afirmação do
êxito alcançado, pois que foram objecto de fortes aplausos e inclusivé de
“BIS”, que não ocorreu, pois que nos havíamos comprometido a sómente
interpretar duas canções, para não atrasar o espetáculo. De novo foi o nosso
maestro presenteado com um ramo de flores e a nossa Associação, com um novo
Diploma de presença na Gala de Encerramento.
Finda a nossa atuação, que ocorreu
depois da artista de ópera convidada, Srª. Tatiana Poltavskaya-Gabelko, fomos
informados, ser natural do Cazaquistão e se tratava de uma das vozes mais
conceituadas de Moscovo e de toda a Rússia, fomos pela mesma surpreendidos,
pedindo-nos que com ela fizéssemos uma foto, para sua recordação, demonstrando
o quanto havia apreciado a nossa performance atuativa.
Não podia ter encerrado de melhor
maneira a nossa deslocação cultural, que no dia seguinte, após a hora do
almoço, nos fazia deslocar para o aeroporto, para o nosso regresso à Pátria que
nos viu nascer.
Não posso contudo encerrar estas
curtas e recentes memórias, sem dirigir algumas palavras aos nossos mais altos
dirigentes camarários, pois que não tive a possibilidade, por falta de tempo da
organização, de publicamente demonstrar o quanto, ao longo dos anos da nossa
existência, temos sido percebidos e apoiados na nossa forma de fazer cultura.
Sei por experiência própria, que a pessoa do Sr. Presidente da Câmara, refere
constantemente, que para ele o poder-se fazer cultura, não é uma questão de
agradecimento mas sim de dever e obrigação, e só na impossibilidade de
existência de verbas camarárias, não apoiará qualquer das vertentes culturais
existentes no nosso concelho.
Bem-haja Sr. Presidente, pela sua
forma de pensar e ajudar a cultura, sendo certo que pela nossa parte, sempre
terá o nosso empenho e dedicação, na melhoria das nossas futuras atuações e na certeza
que sempre procuraremos dignificar o nome de Ponte de Sor, quer em Portugal,
quer no estrangeiro. O nosso muito obrigado.
João
Manuel Matos Cruz